A violência no campo teima em persistir no Brasil. Os dados coligidos pela CPT em 2011 nos dão conta de 29 assassinatos em conflitos por terra, 38 tentativas de assassinato, 49 mortos em consequência de conflitos, 347 ameaçados de morte, 89 trabalhadores presos e 215 agredidos. Comparando estes números com 2010, vê-se que o número de assassinatos diminuiu de 34 para 29, menos 14,7%. Também houve diminuição de 30,9% nas tenta-tivas de assassinato, de 55 ocorrências em 2010, para 38 em 2011. O número de traba-lhadores presos praticamente se manteve igual: 88, em 2010, 89 em 2011. Mas o que chama a atenção é o número de trabalhadores e trabalhadoras ameaçados de morte: pas-sou de 125, em 2010, para 347, em 2011, um crescimento de 177,6%. O número de a-gredidos também cresceu expressivamente: de 90, em 2010, para 215 em 2011, mais 138,9%. Também há que se considerar que 11 destes 29 assassinados, 38%, já haviam recebido ameaças de morte, alguns várias vezes. A morte do casal José Cláudio e Maria do Espírito Santo coincidiu com a data em que era votado na Câmara Federal o novo Código Florestal, flexibilizando as leis ambientais, em favor do agronegócio. Dos 29 assassinatos, 27,6% tinham relação com a questão ambiental, 8 ocorrências. Quatro dos assassinados são indígenas e 3 quilombolas, 24,1%. 79,3% aconteceram na Amazônia Legal, 23 das 29 mortes: 12 no Pará, 2 em Rondônia, 1 no Acre, 1 no Amazonas e 7 no Maranhão.Há uma relação direta entre o avanço do capitalismo – do agronegócio, da mineração, da extração da madeira, das grandes obras do PAC – com o aumento e con-centração da violência. O capital pratica a predação da natureza, e a violência contra os que a ele se opõem. Os dados da CPT deixam clara esta relação: 72% dos ameaçados de morte são indígenas, quilombolas, ribeirinhos, de comunidades de fundo de pasto e de outras comunidades tradicionais, ou pessoas que apoiam suas lutas em defesa dos seus territórios, como religiosos, missionários, advogados e outros. É de se prestar atenção também para o fato de que 18% das pessoas ameaçadas são mulheres, indicando um crescimento significativo na atuação das mulheres na defesa do ambiente e dos direitos.(Fonte: CPT)
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