O trabalho das empresas brasileiras é um quarto da produtividade do trabalho das empresas norte-americanas (tomadas como referência), ou seja, são necessários quatro brasileiros para gerar o valor que um norte-americano produz. Isto é o que o livro Produtividade no Brasil nos diz. O livro foi escrito a partir de pesquisas realizadas pelo McKinsey Global Institute em oito setores da economia. O caminho para aumentar a produtividade poderia ser mapeado, as empresas poderiam evoluir e, se o Brasil aumentasse em dez anos sua produtividade para até três quartos da produtividade norte-americana, a renda por habitante dobraria. Importante: o livro foi lançado em 2000. O que mudou na produtividade do trabalho no Brasil a partir daí? Muito pouco. Uma década foi perdida. Dados recentemente divulgados pela revista The Economist mostram que, enquanto países como Coreia do Sul, China e Chile apresentaram forte evolução na última década, o Brasil permaneceu estagnado. Alguns setores e empresas evoluíram. Entretanto, o quadro geral é desanimador. Um conjunto de estudos divulgado pelo Ipea, em 2013, registrou conclusão similar: nosso desempenho em produtividade e tecnologia é insuficiente e precisa melhorar para viabilizar o crescimento econômico. Os dados econômicos refletem a realidade que testemunhamos no dia a dia. Os restaurantes brasileiros são generosos no número de garçons, mas o atendimento é lento, os pratos vêm trocados e a conta chega errada. Nas dezenas de pequenas obras que empesteiam nossas cidades, para cada indivíduo trabalhando vemos sempre outros quatro (ou dez) observando. Visitar as modernas instalações de grandes empresas não revelará quadro distinto. A aparência pode ser de frenesi laboral, marcado por telefonemas urgentes e andares acelerados. Entretanto, um breve diagnóstico revelará uma infinidade de reuniões sem razão, projetos sem objetivo e iniciativas sem “acabativas”. Em suma: caos institucionalizado. (Fonte: Carta Capital)
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