No Brasil podemos comparar o presídio às senzalas. Há um perfil bem definido das pessoas que estão lá dentro. E se falarmos de condições dentro da prisão, estamos falando dos palanques que havia nas senzalas. Eu pergunto, então: como melhorar o palanque de tortura? Como melhorar a condição do palanque de tortura? Colocando um palanque de ouro, de ferro? Como vai ser isso? O presídio é um palanque de tortura como eram as senzalas, mas hoje das periferias e dos pobres. Se houvesse outro público lá dentro, podíamos não pensar nisso. Mas não tem como, é algo muito seletivo. A maior prova de como a prisão está dando errado é como tem feito para reintegrar a pessoa à sociedade: tudo o que pode garantir é a reintegração do preso ao crime, de modo ainda mais forte. Mas se o próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aponta para isso, os juízes estão a serviço de que, então, ao mandar cada vez mais pessoas para o cárcere? Para garantir essa institucionalização do crime. Só pode ser....O CNJ veio para mostrar à sociedade como o Judiciário do Brasil está caminhando errado. Por exemplo, nos mutirões carcerários que realizou nos anos 2010 e 2011 foram libertas mais de 24 mil pessoas que estavam presas irregularmente. E nenhum juiz foi punido por ter mantido esses presos irregulares. Portanto, o CNJ expõe a miséria do Judiciário, mostra que ele está doente, mas não aponta um diagnóstico de solução. Ele mostra ainda como a estrutura é falha e criminosa. Manter alguém no presídio de forma irregular é crime, e alguém deveria ser punido por isso. (Fonte: IHU - Trechos da entrevista a Valdir Silveira da Pastoral Carcerária)
Nenhum comentário:
Postar um comentário