Um grupo indígena de etnia ainda não identificada estabeleceu em junho o primeiro contato com funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) e com índios Ashaninka, na Aldeia Simpatia, da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Envira, na fronteira do Acre com o Peru. O grupo, que recebeu destaque da revista Science, pode ser apenas um de vários outros da região que devem sair da “condição de anonimato” nos próximos anos. Isso porque o avanço da exploração de madeira e petróleo, além do narcotráfico e da construção de estradas próximas ou nas terras indígenas – principalmente no lado peruano –, podem estar forçando-os a sair do isolamento na floresta e a se aproximar das aldeias de índios já contatados. A avaliação foi feita por pesquisadores participantes de uma mesa-redonda sobre índios isolados no Acre realizada durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no campus da Universidade Federal do Acre (UFAC em Rio Branco). “Há um conjunto de 10 áreas indígenas nessa região de fronteira do Acre com o Peru, conhecida como Paralelo 10, que são corredores de índios isolados”, disse Terri Vale de Aquino, antropólogo da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai e professor da UFAC.“As lideranças dos índios Kaxinawá estão fazendo uma denúncia ao Ministério Público Federal porque essa estrada está sendo construída sem licença e estudos e relatórios de impacto ambiental”, afirmou. Além disso, a distribuição de lotes para a exploração de petróleo e gás na região está “ilhando” terras indígenas noAlto Juruá e impactando diretamente os povos indígenas e grupos de índios isolados na região, sobretudo do lado peruano da fronteira, apontou. Para agravar esses problemas, narcotraficantes têm buscado novas rotas de tráfico de drogas na Amazônia por meio do Alto Envira, um rio binacional que nasce em terras peruanas e passa pelo Acre, contou Aquino. (Fonte: IHU)
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