Quem imagina que Maria foi assunta fisicamente ao céu está deixando de compreender a significativa mensagem que a festa hodierna quer nos transmitir. Pensemos por um instante na nossa vida, no nosso cotidiano. Às vezes ficamos tão mergulhados nas nossas coisas imediatas, nas nossas preocupações e interesses, - às vezes, mesquinhos, - que somos incapazes de nos ‘elevar’ um pouco mais além, olhar e compreender o que tudo isso significa para nós e para as pessoas que vivem conosco. Compreender, afinal, o sentido pleno do nosso viver, do sofrer, do alegrar-se, do esperar. Dos nossos fracassos e das nossas vitórias. Na medida em que conseguimos nos ‘distanciar’ e ‘olhar do alto’ a nossa trajetória de vida tudo adquire um sentido diferente. Olhar para a nossa realidade e para a nossa vida com os olhos da esperança. E com os olhos da certeza de que Deus não nos abandona, porque está ao nosso lado e nos dá uma coragem para enfrentar todos os desafios da existência humana. Nesse sentido ‘assunção’ significa para nós ‘assumir’ o olhar de Deus que tudo pode. Assumir’ a mística daquelas pessoas que não ficaram ‘amarradas’ às realidades imediatas, aos afãs do seu dia a dia. Maria já havia entrado na lógica da ‘assunção’ ainda em vida.
Em diferentes momentos mostrou que havia assumido a lógica de Deus, e olhava mais para o Seu plano de salvação do que para o plano de vida dela mesma. Maria havia compreendido que precisava se ‘elevar’ bem acima do modo comum de proceder na vida de tantas pessoas sem sonhos e sem perspectivas, e ‘assumir’ a história que Deus iria construir com ela, e através dela. Por isso que ela pode afirmar que Deus ‘fez grandes coisas por meio dela’. Ela pode entrever verdadeiras transformações planetárias onde’ os soberbos e poderosos seriam humilhados e derrubados, e os humildes e famintos seriam reconhecidos e saciados’. Só com os olhos de Deus, e não com os nossos olhos mortais, podemos entrever concretamente essa novidade que Deus produz, mesmo na experiência do sofrimento, da violência, da mentira, e da morte. Que Deus nos dê, hoje, a capacidade de nos ‘elevar’ definitivamente, com todo o nosso ser, - ‘corpo e alma’, - como Maria, bem acima do nosso medo, do nosso egoísmo rasteiro, da nossa indiferença e da nossa intolerância.
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