Mais um grupo de indígenas em São Luís. Reivindicando. Não há como ser diferente. O evidente estado de displicência em que vivem as comunidades indígenas exige mobilização, por certo. Não há dúvida, contudo, de que o direito de exigir o cumprimento de acordos, direitos e termos de ajuste de condutas valha de ambas as partes. Estado e ‘comunidades indígenas’. Os indígenas que aqui estão se sentem representantes das comunidades indígenas, embora nem sempre elas os vejam como seus representantes. A estratificação social e a complexidade das relações que se dão numa terra indígena não permitem que se tome como homogênea uma realidade que não o é. Pior, acreditar que aldeias que têm lideres próprios deem mandato de representação a outros, de outras aldeias. As indígenas são sociedades ‘poli-cêntricas’, com vários centros de ‘poder e de decisão’! Para quem conhece de dentro e acompanha a questão indígena no estado sabe da complexidade e da delicadeza que o tema educacional exige. Hoje, para algumas supostas lideranças indígenas, em conluio com personagens do governo estadual, descobriram na educação escolar indígenas, - via contratos para transporte escolar, - a mina de ouro para conseguir dinheiro fácil para si e sua família. Anos atrás eram os contratos relacionados à saúde a mina de ouro, mas após as decisões legais tomadas de forma clara, de alguns anos para cá se tornou o transporte escolar, graças às brechas deixadas pelo sistema. Virou uma espécie de obsessão, pois dele depende a possibilidade de acumular mais grana e prestígio por parte de alguns personagens indígenas de algumas regiões do Estado.
O conselho de educação escolar indígena criado no governo José Reinaldo, aos trancos e barrancos, nunca funcionou de forma decente. Já fazem mais de três anos que ninguém se encontra pela única e exclusiva motivação de que o único ponto da pauta de debate era o repasse da grana do transporte escolar. Não existiam outros desafios, nem formação de professores, nem metodologia de ensino e outros. Várias auditorias foram feitas. Vários abusos de ambas as partes foram detectados. Poucas pessoas demitidas, transferidas ou punidas. Tornou-se uma bola de neve. Uma coisa é certa: escola diferenciada, intercultural, bilíngue (e blá, blá, blá....) inexiste, tirando alguns raros e gloriosos casos como as escolas dos Guajajara do Pindaré, de algumas outras da região da Guajajara-Canabrava, e dos Krikati. O estado nesses anos todos tem falhado, e feio, perdeu a moral. Alguns setores indígenas pelo caos instalado viram perder não somente suas fontes de renda, mas também assistem ao desmantelo generalizado e, agora, reclamam. Certamente existem outros setores indígenas que lutam com autenticidade e garra para reerguer a educação escolar, contemplando outras dimensões, mas não são estes que têm vez e voz. Seria preciso investigar ‘as duas partes’. Abrir auditorias para identificar quem tem se locupletado com a grana do transporte, quem recebia ‘mensalinho’, sejam eles indígenas sejam eles personagens de altos escalões do governo. Infelizmente, não temos nem pessoas e nem instituições que tenham força moral para convocar as partes, abrir o jogo e dar o nome a ‘tantos bois’ de engorda. Pague que tem que pagar! Feito isso que sejam isolados definitivamente os aproveitadores e que se comece a dar aula. De honestidade e responsabilidade, em primeiro lugar!’
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