Dia 21 de novembro, no bairro São Francisco, São Luis, Maranhão. Tinha somente 14 anos. Estava jogando dominó com alguns amigos, à beira mar, na margem da avenida. Improvisamente chega uma patrulha da polícia militar. Ao frear improvisamente, os pneumáticos da viatura gemem. Alguns soldados, de armas em punho, descem rapidamente, e de forma brutal, obrigam todo mundo a ser revistado. Várias testemunhas olham a cena. Surpreendentemente, ouve-se um estampido seco. Aparece o corpo de um adolescente caído no chão, sem vida. Os policiais o arrastam por alguns metros e o jogam no camburão. O sangue do adolescente suja o carro e o asfalto. Deixa mais uma marca da violência estúpida da polícia desse Estado. A marca do seu fracasso. A marca da sua incompetência e do seu medo. Medo de si própria. Medo de todos, por não ser capaz de garantir segurança a ninguém. Por ser incapaz de estabelecer uma relação cidadã com os cidadãos e cidadãs dessa cidade, sempre mais vítima da violência e do caos. Quando a polícia chega a executar uma pessoa, independentemente da sua vida pregressa, é sinal que todos nós falimos. Estamos dizendo para nós mesmos e para o mundo que a única forma que temos para tentar recuperar e ajudar uma pessoa para sair do túnel em que foi colocada na vida é simplesmente matando-a. Somos sempre mais reféns de nós mesmos, e dos nossos fantasmas assassinos que matam os nossos sonhos e os nossos desejos de paz e felicidade.
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