Aqui estou eu, ou o que pareço ser.
Uma massa de barro?
Talvez um véu de alma? Um verme?
Preso a fantasmas que jamais desaparecem
sou sugado pelo vórtice
das raras reminiscências.
Não sei muita coisa do meu obscuro passado,
e o pouco que me lembro,
é turbilhão informe.
Os poros, ou os porões (?) da minha alma
se tornam vulcões que regurgitam,
e vomitam indecências
Lutei e resisti,
mas contra quem, e para quem?
Mas com quem, no futuro,
há muitos infinitos, desisti.
Cruzei com Lázaros sonolentos,
cansados de morrer e de reviver.
Deixei-os, para sempre, agonizar.
Deparei-me com samaritanos sedentos.
Do meu árido poço nunca beberam.
Tampouco, bebi.
A caminho do Gólgota vi condenados
cambaleando sob cruzes.
Até o Cireneu olhava indiferente.
Nesse eterno recomeço
não confio
na compaixão dos arrogantes,
no bom senso dos sábios,
na atenção dos distraídos...
e nem na fé dos santinhos,
bons a condenar.
Admito, vendi minha alma a Lúcifer.
Fiquei ciumento e fulgurado por sua luz.
Bebi de suas seduções.
E saciei minha sede...
Cansei de fazer das tripas coração,
Desisti de ouvir a melíflua palavra amiga.
Cansei de estender a mão,
iludi-me que alguém a apertasse.
Nesse fim de caminho
sequer soube combater bem.
E perdi a fé em mim, e em você.
E também nos que sobraram
para nos enterrar.
Só agora compreendo
que não há paraíso.
E que o inferno nunca cessou.
Que a vida e a morte
são dois retratos da mesma moldura.
Uma ilude e a outra castiga!
Nenhum comentário:
Postar um comentário