sexta-feira, 27 de julho de 2018

Também em 2017 Brasil é campeão de assassinatos no campo.


Dos 207 ativistas que advogam pelo direito à terra ou ambientalistas assassinados no mundo em 2017, 57 foram no Brasil. O dado foi levantado pela Global Witness, que apura casos do tipo em 20 países. Em entrevista à Sputnik, o membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Paulo César Moreira explica o que pode justificar a estatística. O critério da Global Witness para considerar uma pessoa como ativista é se ela atuava de forma pacífica para proteger o direito a terra ou o meio ambiente. Para a ONG, são ativistas as pessoas que advogam em torno deste tema de forma pacífica. Foram contabilizados os sem-terra e donos de pequenas terras, geralmente ameaçados por madeireiros e grileiros protegidos por bandos armados. Não por acaso, a maioria dos casos se concentra no norte do país: oito de cada 10 assassinatos registrados pela ONG aconteceram na Amazônia Legal.

O Brasil encabeça o ranking das nações analisadas, seguido pelas Filipinas (48 mortes), Colômbia (24), México (15), Congo (13) e Índia (11). "Em vez de tomar medidas para evitar tais atrocidades terríveis contra os ativistas, o Presidente Michel Temer enfraqueceu as leis e instituições destinadas a protegê-los. Ele tornou mais fácil do que nunca para setores como o agronegócio — associado a pelo menos 12 assassinatos no Brasil em 2017, de acordo com estatísticas da Global Witness — impor seus projetos em comunidades sem o consentimento destas", diz a Global Witness no relatório. Para Paulo César Moreira, a turbulência política no Brasil — um panorama que ele avalia em crescendo desde 2015, mas culminando em 2017 — propicia a institucionalização da violência no campo.

"A bancada ruralista no Brasil ganhou muita força com o governo Temer, o governo se tornou (...) extremamente submisso às bancadas que compõem o Congresso como a dos ruralistas, da mineração, dos bancos. No campo a terra é um elemento de disputa de poder muito forte, onde já havia necessidade de regularização e retomada do direito dos povos. Essa ruptura política trouxe um retrocesso muito grande", explica, acrescentando ainda que só no ano passado, foram cinco chacinas no campo. (Brasil 247)

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