Será um impacto ver os times de França e Croácia alinhados em campo no domingo. De um lado, um time que é uma bela colcha de retalhos multicor, com jogadores filhos de migrantes que comeram o pão que o diabo amassou, mas fizeram sua vida na França, um time que sofre, mas enfrenta, a oposição dos racistas de Le Pen. Do outro, só brancos, um time povoado de fascistas. Está bem que a França não é o paraíso: que o digam os argelinos, que o digam os operário em luta contra o neoliberalismo, que o digam os migrantes em resistência contra a Frente Nacional de Marie le Pen. Macron não é um homem de esquerda (já foi), hoje trafega na direita conservadora neoliberal no espírito dos democratas americanos da ala de Hillary Clinton, representantes do capital financeiro globalizado. Mas na França ainda há democracia, mesmo alquebrada, ainda há espaço para a afirmação da liberdade, e sua seleção é o avesso do racismo de fundo nazista.
O fascismo entre os jogadores da seleção croata não é repudiado pela mídia, governo ou por entidades do país, exceto uma minoria vinculada aos direitos humanos. Para as elites locais, o passado nazifascista do país é visto como parte da formação do atual Estado Croata, não existindo um sentimento público de repulsa. Os jogadores croatas, poucos dias atrás, depois da vitória contra a seleção da Argentina, gravaram e espalharam nas redes, orgulhosos, um vídeo cantando a música Bojna Cavoglave, uma canção nacionalista e xenófoba, que faz apologia da ajuda da Croácia aos nazifascistas na Segunda Guerra.
Não dá pra pensar que é "só futebol" o que estará em campo no domingo
(Fonte:Mauro Lopes)
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