As multidões voltam a procurar Jesus. O gesto de partilhar o pão e distribuir de forma justa por parte de Jesus (no início do capítulo 6 narrando a multiplicação) visava transformar pessoas egoístas em um povo maduro e livre. Um povo capaz de colocar em comum o que tem. Jesus visava a sua autonomia e independência, a plena solidariedade que supera as desigualdades, sem ter que depender do ‘mercado e do capital’. A multidão, contudo, quer fazê-lo rei. Ou seja, prefere ter alguém que mande, que pratique a submissão e o assistencialismo.
- Jesus repreende a multidão porque não entendeu a importância do sinal do dom do pão, ou seja, não soube se tornar ele também dom que alimenta. As pessoas só se preocuparam em comer e se saciar sem se importar com o que realmente mata definitivamente a fome da humanidade. O que sacia de verdade é o alimento que o Filho oferece, pois este é garantido e confirmado pelo Pai.
- O povo então pergunta o que deve fazer e Jesus responde dizendo o que significa fazer a ‘obra de Deus’ (lembremos que no cap. 32,16 de Êxodo a obra de Deus é identificada com as tábuas da lei) Jesus está dizendo que o povo, agora, deve fazer uma nova aliança, mas com Ele e não na obediência às leis de Moisés. Aliança com a capacidade de amar e de acolher de Jesus. Ter fé em Jesus e seguir seus passos é bem diferente de seguir as normas dos sacerdotes e do templo. Aliás, uma coisa não combina com a outra!
- A incompreensão, porém, continua, pois o povo pede um sinal. Jesus, sempre se recusou a dar um sinal entendido como prodígio-milagre. É como se Jesus dissesse ‘acreditem nisso, na obra do Pai que é se doar’ e descobrirão que vocês mesmos se tornam um sinal para os outros! Muitas vezes queremos sinais desde fora, ou do alto, e Jesus nos motiva para compreender nós podemos ser sinal para os que pedem sinais. O problema é não acreditamos nisso!!!!
- O povo, então, se volta ao passado fazendo memória dos ‘pais’ e da tradição, mas Jesus fala do ‘PAI’ e sempre no presente! Quem dá o pão verdadeiro, o sentido de vida, a felicidade, as bem-aventuranças é o Pai, e não os pais como Moisés. Jesus afirma que não são as tradições e as normas do templo e da liturgia que nos saciam, mas a adoção da prática de amor que Jesus tinha para com as pessoas. Isso sim, mata a nossa fome de felicidade e de realização. Por isso que Jesus sempre foi duro com as instituições religiosas. Ele não veio para PURIFICAR as instituições, mas para ELIMINÁ-LAS, pois elas impedem a prática do amor verdadeiro. Por isso que era considerado um endemoninhado. Diante disso, então, o povo pede ‘desse pão’!
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