Enquanto a
presidente da Confederação Nacional da Agricultura, a senadora Kátia Abreu,
crítica contundente do trabalho dos indigenistas, teve ao menos quatro
audiências com Dilma Rousseff nos
últimos 12 meses, a responsável pela Funai Maria
Augusta Assirati, a atual e ainda interina presidente da Funai só foi
recebida uma única e escassa vez pela presidenta. E há nove meses espera em vão
sua efetivação no comando da fundação. A advogada paulistana de 37 anos tenta
manter o sorriso quando se pergunta se o fato de não ter sido efetivada é um
sinal claro do esvaziamento do órgão. Para as lideranças, foi equivocada a
reestruturação da fundação em 2010, quando os postos nas reservas foram
fechados e o atendimento passou a ser centralizado nas cidades. “Agora o índio
precisa ir nas coordenações regionais, que são muito longe e não têm
estrutura”, afirma Megaron. A própria presidente da Funai reconhece: é preciso
reaproximar o órgão dos índios. “Queremos descentralizar ainda mais, com
unidades próximas às terras indígenas.”De maneira geral, a opinião dos índios
sobre a presidente da Funai é
semelhante: “uma boa pessoa”, mas à frente de uma estrutura fraca e
desprestigiada. A reestruturação, aliás, foi vista na época como uma tentativa
do governo de reduzir o papel do órgão. Os rumores sobre a provável extinção da
fundação, criada em 1967 em substituição ao Serviço de Proteção ao Índio, volta
e meia reaparecem e não escaparam aos ouvidos de Guta. “Também
ouço”, ela diz, e deixa transparecer um certo desânimo. “Mas não acredito. Acho
que a Funai só iria acabar se deixasse de haver indígenas no Brasil.” Pergunto
se são os ruralistas os maiores inimigos dos índios hoje em dia. “Eu diria que
é a ignorância e o preconceito. A sociedade brasileira precisa conhecer muito
sobre os indígenas para poder compreendê-los.”O governo Dilma Rousseff foi
o que menos demarcou terras indígenas desde a era Fernando Henrique Cardoso. (Fonte: IHU)
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