Não deu outra. Como se havia já anunciado tudo não passou de uma bola de neve que derreteu rapidamente na sala do juiz federal José Carlos Madeira e na presença do procurador da República Alexandre Silva Soares, hoje de tarde. A numerosa comitiva vinda de Vitorino Freire formada por prefeitos, vereadores, deputados estaduais e advogados, deu uma clara demonstração da sua inépcia. Bastou reler parte da portaria da FUNAI que criava o grupo de trabalho para estudar a possibilidade de encontrar uma terra para os Krenyê para desfazer o teatro dramático que haviam criado nesses últimos tempos naquela região. Após uma rápida vista o juiz Madeira declarou que a linguagem era sim um tanto técnica e que podia dar margem para os não adeptos a possíveis outras interpretações, mas declarou-se surpreso com tamanha presença de pessoas, pois o teor da portaria não apontava para ‘possíveis expulsões ou desapropriações’ como os membros da comitivas imaginavam ver. Na realidade a reunião não havia sido convocada para ‘eles’ mas para fazer o ponto da situação do povo Krenyê. Serviu, afinal, para fazer um esclarecimento definitivo que afasta qualquer hipótese de algum dia a União mexer nas terras da região de Bom Lugar, Pedra do Salgado e outras daquela região Resta a dúvida quanto à finalidade e às intenções daqueles que andaram criando o pânico naquela região, convocando centenas de pessoas, ameaçando e se armando contra um possível inimigo que nunca iria aparecer.
Sabemos como se mexem os políticos profissionais principalmente em tempos de eleições. Eles devem dar recados e sinais claros aos seus protegidos eleitores, nem que seja inventando inimigos externos fantasmas, como foi esse caso. Era suficiente uma ligação ou uma audiência com o Procurador da República autor da ação que pedia justamente uma terra para os índios Krenyê que ele teria desfeito o ‘auê’ criado na região. Preferiram a mobilização de pessoas mesmo que essa custasse desgaste e sofrimento para as famílias locais e mesmo que a partir de boatos intencionais se criasse um clima anti-indígena para reforçar o já consolidado racismo. Agora só falta voltar para Vitorino Freire em carro de bombeiro, pipocando foguetes e dizer para aquele povo que eles e só eles conseguiram reverter uma situação que iria ser calamitosa para aquele povo. Com tais amigos do povo não precisamos de ‘inimigos’! Eles já estão entre nós. Detalhe final: talvez para comprovar isso, pediram para tirar uma foto histórica com os dois representantes Krenyê. Talvez o mais correto tivesse sido pedir perdão por tê-los expulsos de suas terras cerca de 70 anos atrás. Mas o voto fala mais alto do que a força moral em certas pessoas....!
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