sábado, 4 de maio de 2019

III domingo de Páscoa – Volte a fazer o mesmo itinerário do amado que se foi, e descobrirá que nunca se afastou de você! Acredite, você o mantém vivo! (Jo. 21, 1-19)

Muitas vezes ao repercorrermos os mesmos lugares, reproduzindo os mesmos gestos, e frequentando as mesmas pessoas de uma pessoa amada que nos deixou, podemos chegar a ter a percepção real de que ela esteja ao nosso lado. Mais que isso. É como se ela estivesse nos conduzindo pela mão para que nós pudéssemos perpetuar seus hábitos, e suas escolhas de vida. A sensação de presença e de comunhão com a pessoa que se foi chega a um nível tão intenso que podemos até chegar a vê-la. Numa palavra, num gesto, numa careta, numa graça que ela nos fazia quando viva, sentimos que ela não se distanciou de nós. Ela está se revelando.. E se comunicando mediante uma forma totalmente nova. Esta foi a mesma experiência vivida pelos apóstolos. Após a morte de Jesus eles voltam, decepcionados, a percorrer as mesmas e conhecidas praias do lago. Adentram pelas mesmas enseadas. Lançam as mesmas velhas redes e experimentam as mesmas e inevitáveis decepções das noites infrutíferas de peixe. Sentam à beira lago e comem os mesmos peixes de outrora, sem abrir mão do mesmo tempero. Aos poucos, àqueles gestos repetitivos, quase mecânicos, se associam ecos, vozes, palavras, afetos, memórias, pessoas... Jesus, quase como um fantasma, reaparece nos mesmos lugares para aqueles apóstolos que, agora, não são mais os mesmos! Como um raio fulgurante, a mente e o coração se iluminam, repentinamente, e se abrem ao inédito. Tudo fica mais claro. Jesus voltou em suas memórias para chamá-los novamente, e a lançarem as redes em lugares em que jamais eles haviam lançado. Mais uma vez, os apóstolos percebem que, ao ouvir os conselhos do mestre, a pesca se torna milagrosamente abundante. Os velhos pescadores de peixes entendem que, agora sim, chegou a hora de pescar homens! Uma 'multidão de homens' sem esperanças e famintos de paz. Em realidades e águas turvas jamais exploradas. Acreditando no projeto do mestre, muito mais do que no faro de Pedro. Sentindo, intimamente, que o ‘bem querer’ daquele mestre itinerante que os havia chamado, outrora, continua a convocá-los, novamente, agora.Ele continua a lançar o seu irresistível convite: ‘SEGUE-ME!’ 

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