Na cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 — plano que não planeja nada, não se compromete com nada, e apenas prevê um monte de ações desconexas com a realidade –, Bolsonaro tentou amenizar Bolsonaro. Falou que “se alguém exagerou, foi no afã de encontrar uma solução”. Não, presidente. Não adianta vir agora com esse papinho furado, mais falso que nota de três reais, de que a pandemia sempre o afligiu. Não adianta vir falar em união, um dia após proferir as maiores barbaridades sobre a vacina e o governador de São Paulo. Ninguém, com mais de dois neurônios ativos, acredita em você. Alguém deve lhe ter soprado aos ouvidos que sua imagem está derretendo feito gelo no Saara. Pesquisas? São retratos do momento, e não filmes de um período. Você será considerado o pior e mais aloprado presidente da história do Brasil. O mundo já sabe disso. Por aqui, metade da população, também. Você sempre negou a Covid-19 e sua gravidade. Você sempre desrespeitou os mortos e a dor dos enlutados. Você sempre fez o que pôde para ajudar a propagar o novo coronavírus, desde aglomerações ao não uso de máscara. Você sempre deseducou a população e sempre estimulou a ignorância e irresponsabilidade.
Ninguém, em todo o planeta, mentiu como você sobre a doença. Ninguém jamais chegou perto do seu obscurantismo e negacionismo. Nem as pobres emas do Alvorada escaparam da sua estupidez lunática. Não venha, pois, agora, querer apagar o passado ou reescrevê-lo. Suas falas e atitudes estão gravadas para a eternidade. Você é o responsável direto por parte dos doentes e das mortes, sim. Você é o responsável direto por tanta gente ter se contaminado e contaminado outros, afinal é para “enfrentar o vírus de peito aberto”. Você é o responsável por alguns dos 40% de brasileiros que dizem não pretender se vacinar.
Enquanto o Brasil iniciava sua subida ao cemitério, você brincava de autogolpe em Brasília; estimulava gente do quilate de Sara Winter. Apoiava atos em favor do fechamento do STF e do Congresso. Divulgava a falsa cura da doença exibindo uma estúpida caixinha de cloroquina. Você sempre foi – e é – um patético arremedo de presidente. Os brasileiros terão vacinas, sim, não por você, mas a despeito de você e deste desgoverno incompetente. A despeito do “general especialista em logística” (que piada!) aboletado no Ministério da Saúde, já que ninguém mais aceitou o papel de títere. Mas as terão muito mais tarde e em menor quantidade. Em apenas um mísero dia, 70 mil novos casos de Covid e quase mil mortos. Mas, segundo o presidente, “está no finalzinho”. Já desisti de clamar “Deus nos ajude”. Definitivamente, Ele não está nem aí para esse triste pedaço de chão. Até porque, convenhamos, fazemos por merecer Seu desdém.
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