A segunda parte do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, divulgada nesta segunda-feira (28), chega em momento oportuno para o Brasil e o mundo. Cientistas de 195 países afirmam que o aumento da temperatura global de 1,1°C que vivemos hoje causa perdas e danos, especialmente às populações em situação de vulnerabilidade. Chegamos a um patamar em que a crise do clima provoca consequências cada vez mais irreversíveis. Faz-se necessária a mudança do sistema socioeconômico para evitar o agravamento dos eventos extremos, e cada 0,1°C a mais conta.
Os riscos e impactos climáticos estão aparecendo mais rapidamente e se tornarão mais graves mais cedo. Os efeitos do aquecimento nos ecossistemas acontecerão mais cedo do que o previsto no último relatório, serão também mais difundidos, afetando várias áreas do planeta, e provocarão consequências de maior alcance. Nós não estamos preparados para os impactos que estão acontecendo hoje, e isso está custando vidas.Cerca de 3,3 bilhões de pessoas vivem em países com alta vulnerabilidade à crise climática, com impactos maiores sobre aqueles que sofrem com questões relacionadas à desigualdade, saúde, educação, crises financeiras, falta de capacidade de governança e infraestrutura.
Vidas e lares foram perdidos em todo o mundo, mas em países com maior situação de vulnerabilidade, a mortalidade por inundações, secas e tempestades foi 15 vezes maior na última década, em comparação com países com vulnerabilidade baixa. Não precisava ser assim. Planos elaborados junto às populações mais impactadas, com recursos suficientes e implementados adequadamente para adaptação e desenvolvimento resiliente ao clima, que atendam às necessidades daqueles que vivem em situação de maior vulnerabilidade, salvariam vidas, lares e futuros. Mais aquecimento traz graves consequências. Limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C reduziria substancialmente perdas e danos projetados, mas algumas perdas já se tornaram irreversíveis.
As perdas e danos que já estão acontecendo e são distribuídos de forma desigual, não são abordados de forma abrangente pelos atuais arranjos financeiros, de governança e institucionais, particularmente em países vulneráveis de baixa e média renda.
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