O presidente do CIMI e bispo da prelazia do Xingu (PA), dom Erwin Krautler, falou na entrevista cole-tiva de hoje, da 50ª Assembleia Geral dos Bispos da CNBB, em Aparecida (SP), do 40º aniversário da entidade e da polêmica em torno da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que acontece em Altamira (PA). Dom Erwin disse que no atual contexto, a data de hoje não é para muitas comemorações, mas sim de cobranças. “A meu ver, o nosso maior legado foi ter colocado as condições e causas indíge-nas na Constituição Federal de 1988. Infelizmente, os governos que seguiram desde então, não cumpri-ram o prazo estipulado na Carta Magna, que foi de cinco anos, para demarcação das terras indígenas. Atualmente, menos da metade das terras indígenas no Brasil são demarcadas, o que gera conflito com fazendeiros, madeireiros e grileiros de terras, ocasionando mortes e tragédias”, destacou o bispo prelado do Xingu. Sobre Belo Monte, dom Erwin foi incisivo ao afirmar que a situação da cidade de Altamira (PA), é de caos, gerado pela “irresponsabilidade do Governo Federal que não atendeu os requisitos mí-nimos para a realização de uma obra desse porte”. “Não há saneamento básico, leito nos hospitais, vagas nas escolas, segurança, o trânsito está terrível, e os funcionários que lá estão não têm as menos condições de trabalho digno, não a toa hoje foi anunciada uma paralisação geral das obras na Volta Grande do Xingu”, descreveu dom Erwin as condições que lá estão vivendo a população local e os operários que seguiram de várias partes do país em busca de emprego e boas condições de vida. “O Governo brasilei-ro passa a falsa informação de que energia vinda das águas (hidroelétricas) é uma energia limpa. Isso é uma mentira. A energia que usamos é proveniente da destruição de florestas, do descaso com ribeirinhos, quilombolas e indígenas, é vinda de uma da morte de operários. Devemos rever urgentemente o nosso modelo de geração de energia” finalizou o bispo.
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