Ele está há anos sendo vigiado. Os livros do teólogo espanhol José Antonio Pagola, que vendem como rosquinhas, sofrem todo tipo de censura eclesiástica, mas ele não sente “ressentimento”. Pelo contrário, os conflitos o ajudam a viver sua fé de uma forma “mais desnuda”. Sempre livre, sofre com a atual situação de involução eclesial e o “abandono do Concílio”. Mas, sempre positivo, acredita em uma Igreja “mais indignada” e “mais samaritana”. Eis alguns trechos da entrevista que ele deixou ao IHU (Instituto Humanitas Unisinos)
Por que o Jesus da história assusta ainda em certos ambientes eclesiásticos?
O medo de Jesus sempre existiu. É um fenômeno quase inconsciente, mas muito explicável. Jesus torna as pessoas mais livres; atrai para o amor, não para as normas; chama os seus seguidores para colaborar no projeto do Reino de Deus, não em qualquer estratégia pastoral; recorda-nos que os últimos serão os primeiros; centra os seus seguidores no essencial do Evangelho, não em práticas e devoções secundárias... Não há nada mais perigoso para uma Igreja que busca segurança, ordem e disciplina, que uma corrente forte de seguidores e seguidoras de Jesus, que recuperam seu espírito, seu fogo e sua paixão pelo Reino de Deus.
Como pode a nossa Igreja recuperar a credibilidade e a confiança social, perdidas segundo todas as pesquisas?
As pessoas vão começar a crer em nós no dia em que não nos preocuparmos tanto com a nossa credibilidade. Não podemos continuar vivendo em meio aos sofrimentos, contradições e conflitos desta sociedade com “a ilusão de inocência” própria de “espectadores” que pretendem estar quase sempre acima do bem e do mal. A sociedade vai crer em nós se nos virem vulneráveis e próximos, aceitando nossos erros e ignorâncias, mas sofrendo verdadeiramente junto com os que sofrem. Na Igreja, devemos nos perguntar com quem nos preocupamos, além de nos preocuparmos conosco mesmos. Só a compaixão fará a Igreja mais humana e crível. No dia em que descobrirmos o mundo com os olhos de Jesus e tratarmos as pessoas como ele as tratava, as pessoas vão se aproximar da Igreja. Como vão crer hoje na Igreja as mulheres maltratadas se não sentem a nossa indignação e a nossa defesa?
O que sente diante da proliferação de notícias sobre as intrigas vaticanas?
Tristeza e indignação. Costumo pensar em Jesus, que, ao chegar a Jerusalém, se põe a chorar dizendo: “Se compreendesses os caminhos da paz! Mas teus olhos seguem fechados”. Não sei se no Vaticano se sente necessidade de conversão. Seus ouvidos não ouvem os constantes apelos que se fazem em nome do Evangelho. Seus olhos estão fechados: não veem os caminhos que poderiam nos levar rumo a uma Igreja mais fiel ao seu único Senhor. E, contudo, intuo que uma tentativa lúcida e responsável de conversão, promovida pelo Papa, encontraria praticamente a aprovação entusiasta de todos os bispos. (Fonte: IHU)
Por que o Jesus da história assusta ainda em certos ambientes eclesiásticos?
O medo de Jesus sempre existiu. É um fenômeno quase inconsciente, mas muito explicável. Jesus torna as pessoas mais livres; atrai para o amor, não para as normas; chama os seus seguidores para colaborar no projeto do Reino de Deus, não em qualquer estratégia pastoral; recorda-nos que os últimos serão os primeiros; centra os seus seguidores no essencial do Evangelho, não em práticas e devoções secundárias... Não há nada mais perigoso para uma Igreja que busca segurança, ordem e disciplina, que uma corrente forte de seguidores e seguidoras de Jesus, que recuperam seu espírito, seu fogo e sua paixão pelo Reino de Deus.
Como pode a nossa Igreja recuperar a credibilidade e a confiança social, perdidas segundo todas as pesquisas?
As pessoas vão começar a crer em nós no dia em que não nos preocuparmos tanto com a nossa credibilidade. Não podemos continuar vivendo em meio aos sofrimentos, contradições e conflitos desta sociedade com “a ilusão de inocência” própria de “espectadores” que pretendem estar quase sempre acima do bem e do mal. A sociedade vai crer em nós se nos virem vulneráveis e próximos, aceitando nossos erros e ignorâncias, mas sofrendo verdadeiramente junto com os que sofrem. Na Igreja, devemos nos perguntar com quem nos preocupamos, além de nos preocuparmos conosco mesmos. Só a compaixão fará a Igreja mais humana e crível. No dia em que descobrirmos o mundo com os olhos de Jesus e tratarmos as pessoas como ele as tratava, as pessoas vão se aproximar da Igreja. Como vão crer hoje na Igreja as mulheres maltratadas se não sentem a nossa indignação e a nossa defesa?
O que sente diante da proliferação de notícias sobre as intrigas vaticanas?
Tristeza e indignação. Costumo pensar em Jesus, que, ao chegar a Jerusalém, se põe a chorar dizendo: “Se compreendesses os caminhos da paz! Mas teus olhos seguem fechados”. Não sei se no Vaticano se sente necessidade de conversão. Seus ouvidos não ouvem os constantes apelos que se fazem em nome do Evangelho. Seus olhos estão fechados: não veem os caminhos que poderiam nos levar rumo a uma Igreja mais fiel ao seu único Senhor. E, contudo, intuo que uma tentativa lúcida e responsável de conversão, promovida pelo Papa, encontraria praticamente a aprovação entusiasta de todos os bispos. (Fonte: IHU)
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