sábado, 27 de abril de 2013

AMAR PARA QUE O OUTRO NÃO MORRA! (Jo. 13,31-35)

De que amor Jesus fala no evangelho hodierno? Afinal, amar para que? Amar para atender a uma imperial disposição divina? Amar como mera estratégia para conquistar novos ‘fregueses’? Amar porque não há outra saída antropológica para a espécie hominídea, a não ser que queira imitar lobos e leões? Amar para tranquilizar a alma e a consciência, sempre que se consiga? É difícil afirmar se esta de hoje é uma passagem autêntica do próprio Jesus ou se não seria, por acaso, uma interpretação do evangelista após ter observado e ‘experimentado’ a força dos gestos, dos sentimentos e das opções do Jesus histórico. Seja como for, não há como negar que o apóstolo e ‘amigo amado’ de Jesus já no ocaso da sua vida biológica, mas rico de quase 90 anos de ‘vida vivida’, lê nos gestos e nas atitudes do Jesus que ele conheceu uma manifestação de amor incondicional que só um ‘Deus’ podia possuir. Talvez á época de João a palavra ‘amar’ não estivesse sofrendo os desgastes e os abusos que vem padecendo nos nossos tempos, mas mesmo assim, a utiliza de forma corajosa e arriscada. Utiliza-a porque reflete uma prática histórica adotada por Jesus e, porque ao adotá-la as pessoas descobrem que ela preenche e realiza os anseios mais profundos do ser humano independentemente do seu credo.

Amar, portanto, não um ‘mandamento’ ou uma ‘doutrina’. E nem são disposições religiosas de um ‘mestre’ a serem assumidas para satisfazer esta ou aquela religião, este ou aquele ‘deus’. Amar não é tampouco uma mera necessidade biológica e antropológica que nos distingue dos animais. Não haveria nenhum mérito e nenhuma implicação de consciência nisso! Para Jesus amar é opção consciente de vida. Uma clara recusa em adotar a prática do ódio, da vingança, da violência, da disputa e da competição. Nesse sentido é uma escolha política. Aonde os ‘Judas’ vão articulando traição, armação, supressão de vida, Jesus motiva para ‘amar e se amar uns aos outros como Ele amou’. Uma clara contraposição ao que as práticas sociais e imperiais propunham e continuam incentivando. Para propor isso, e embutir nessa prática a própria identidade da sua missão Jesus precisava de muita coragem. Só a ousadia dos profetas destemidos como Jesus e dos seus seguidores para enfrentar as irracionais teias sociais e humanas de ontem e hoje.  Só um coração amoroso para superar as inúmeras tentativas de negação do outro, da indiferença, da escravidão, da eliminação física do ‘concorrente’ e do ‘mais fraco’ da cadeia social, eclesial, econômica e política. “Amar uma pessoa é dizer-lhe ‘você jamais morrerá’ (Marcel Gabriel), pois mesmo morta fisicamente, o amor de uma pessoa será a única realidade que permanecerá viva nos vivos!

Nenhum comentário: