sábado, 15 de abril de 2017

Nós o ressuscitamos e está vivo nos nossos gestos de amor


Ressurreição não tem nada a ver com o retorno à vida física de um cadáver. Todos os seres biologicamente vivos morrem e se decompõem. Melhor dito, entram numa comunhão renovada com a mãe terra e com o próprio universo. O corpo físico de Jesus não escapou disso. Ressuscitar, afinal, é fazer a experiência humana, concreta, de viver e crer para além das evidências da morte física e do desespero humano do cotidiano. É compreender que podemos continuar a nos motivar e a nos alimentar dos sonhos, dos afetos, das palavras e dos amores de quem já se foi. É compreender que nós, os biologicamente vivos, podemos não só manter vivas na memória, mas também reproduzir as mesmas opções de vida de quantos terminaram a sua missão na etapa terrestre. É a forma que temos para não deixar apodrecer com os cadáveres os ideais de vida e os valores de quem admiramos e amamos. No evangelho de Mateus de hoje o próprio Jesus nos oferece a dica ‘Vão à Galileia; lá, vocês me reconhecerão’. Ou seja, é continuando a curar os doentes, abrindo a vista aos cegos, ajudando as pessoas a caminhar firmes na vida, e sendo misericordiosos com quem erra, - do mesmo modo que Jesus fazia na Galileia - que podemos mantê-lo vivo e ressurgido. E nós, os biologicamente vivos, ao agirmos como Jesus, podemos encontrar o sentido da nossa própria vida humana, agora. E evitar mergulhar no sepulcro da morte existencial, e da infelicidade permanente.

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