A morte de um justo ou de uma pessoa querida numa família ou numa comunidade sempre nos incomoda, e levanta muitas perguntas. Por que ela? O que ela fez? Por que Deus permitiu? O que vai ser de nós sem a pessoa amada? Toda resposta será sempre inadequada. Teremos que conviver com a ausência física das pessoas que amamos e que se foram. Mas teremos que conviver não como pessoas resignadas, só porque é o jeito, mas como pessoas que continuam a alimentar o afeto e a admiração pela pessoa que se foi. Isso porque o discípulo/a de Jesus acredita que a pessoa que se foi já entrou definitivamente na glória, mesmo que o seu cadáver esteja ainda no túmulo. O conhecido, mas pouco compreendido evangelho da Ressurreição de Lázaro, continua a nos intrigar... O evangelista João não relata um fato histórico. Reflete sobre situações centrais da nossa vida. Afirma claramente que Lázaro, a pessoa/discípulo, símbolo dos discípulos de Jesus, já está fazendo a experiência da Ressurreição justamente porque tentou crer e viver como Jesus.
Mas os vivos, os que ficaram e choram a morte dele, devem também fazer a experiência, agora, de crer e ser como Jesus para não morrerem nunca mais. Ou seja, para nunca serem tragados pela desesperança e pela angústia. Cabe aos discípulos de Jesus a missão de ‘retirar a pedra’ e ‘libertar os mortos’ que vivem presos nos ‘sepulcros’ da violência, do desemprego, da manipulação política. São mortos ambulantes, muitas vezes sem esperança, sem perspectivas de vida. Estão apodrecendo porque os senhores da morte com seus decretos desumanos os prendem em sepulcros sem vida. Jesus, afinal, nos encarrega de sermos nós mesmos, hoje, discípulos e discípulas que devem retirar a pedra da escravidão e da dependência e soltar os Lázaros da vida para deixá-los sair livres. Para viverem em plenitude, aqui, agora, a plena liberdade e a vida intensa que Deus quer para todos.
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