O Brasil está há pelo menos meia década em franca expansão econômica. Mas uma questão que ainda emperra o desenvolvimento e o crescimento é o chamado custo Brasil. Entre as questões colocadas por um investidor antes de aplicar o seu capital no país estão: os impostos são reduzidos? A mão de obra é barata? Os juros são baixos? Existe uma boa infraestrutura de transportes? A energia é abundante? Há informação científica robusta disponível? Há suporte técnico-científico para as atividades planejadas? Porém, há um aspecto que também afeta a conta final do custo Brasil, mas que é pouco abordado. É a questão da fome e do desperdício de alimentos. O Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam comida no mundo. Se reduzisse essas perdas, o país poderia oferecer mais produtos para o mercado interno, barateando os preços, e também exportar mais. Cerca de 35% de toda a produção agrícola brasileira vai para o lixo.
Na prática, isso significa que mais de 10 milhões de toneladas de alimentos poderiam estar na mesa de milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza. Do total de desperdício no país, 10% ocorrem durante a colheita, 50% no manuseio e no transporte dos alimentos, 30% nas centrais de abastecimento e os últimos 10% ficam diluídos entre supermercados e consumidores. Uma família brasileira desperdiça, em média, 20% dos alimentos que compra no período de uma semana. Em valores, isso representa US$ 1 bilhão, dinheiro suficiente para alimentar 500 mil famílias. Nas 10 principais capitais do país, o consumo anual de vegetais é de 35 quilos por habitante. No entanto, o desperdício chega a 37 quilos por habitante ao ano, parte do qual relacionado à qualidade inicial do produto e parte relacionada a armazenamento inadequado. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o Brasil deverá atingir a meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir pela metade o número de famintos no país até 2015, de 13 milhões para 7 milhões. Desse jeito não é suficiente bater recordes de produção, mas de conservação e adequada distribuição! (Fonte: O Valor)
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