Nós humanos não escapamos de um desejo profundo: o de encontramos respostas definitivas às nossas buscas incessantes sobre o sentido da vida. Mesmo ‘finitos’, desejamos achar uma palavra final ‘infinita’ a tudo o que nos interpela e atormenta. Saber o porquê da dor, da morte, do sofrimento de inocentes, da angústia e do desespero humano. Parece até que experimentamos mais angústia e frustração quanto maior for a nossa ânsia em obter respostas que ponham um ponto final à nossa procura por verdade e certezas. Só encontramos respostas parciais, provisórias e falhas. Palavras incoerentes, inadequadas e efêmeras. Sentimos o gosto amargo dos mistérios insondáveis, da permanente insatisfação humana, da incompletude, da volatilidade de tudo o que em alguns momentos achávamos certo e definitivo. Vemo-nos obrigados, quase como um castigo, a procurar e a buscar continuamente algo que já sabemos, de antemão, ser ‘provisório e finito’. Mesmo assim não cansamos de procurar e investigar. Não desistimos de questionar, interpelar, e de buscar novas respostas a sempre novas angustias e ‘perguntas’. O evangelho de hoje apresenta a revolta de alguns os humanos (judeus) ao ouvir que outro humano (judeu), Jesus, se apresenta como o ‘alimento’ que tem uma resposta ‘definitiva e infinita’ às históricas buscas existenciais dos humanos. Que um ser finito como eles, um profeta bem conhecido por eles, filho de Maria e de José, era o instrumento para saciar suas fomes de verdade e de certezas. Uma revolta compreensível a dos judeus humanos e finitos! Afinal, como podia outro humano, um ser finito, se apresentar como aquele que oferece algo ‘infinito’ que ‘desceu do céu’, apresentando-se com a autoridade de quem possui e fala em nome de Deus? Como oferecer respostas definitivas e ‘celestiais’ no mundo indefinido e incerto dos humanos?
O evangelho de João, por outro lado, apresenta também a crítica contundente de Jesus ao modo superficial e ilusório daqueles humanos judeus de buscar respostas existenciais. Jesus critica o fato que eles ficavam satisfeitos com aquilo que lhes havia sido oferecido até então. Um ‘maná’ efêmero, feito de respostas inconsistentes e inadequadas. Alimentavam-se de palavras, tradições e normas já preparadas e dadas por outros humanos. Sem questionar o que haviam herdado, aqueles judeus deixavam de procurar respostas novas que fossem além do visível, do aparente, do palpável, do herdado. Respostas reais, históricas, mesmo que ‘invisíveis’. Jesus na prática afirma que há alimentos e respostas aos anseios humanos que não são as que nós achamos que conhecemos, que vemos e tocamos. Que nós humanos finitos podemos nos abastecer de valores ‘celestiais’ que não são os que são expostos e comercializados pela tradição, pelos hábitos culturais, pela mídia das instituições. Que nós humanos finitos podemos ser, como Jesus, produtores de alimentos e de respostas infinitas, desde que nos deixemos ‘atrair pelo Pai’. Desde que sejamos veiculadores dos ideais, dos valores e dos projetos de um Deus invisível que oferece sempre aos humanos famintos de amor, de comunhão e fraternidade infinita, novos sentidos e novas respostas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário