Deu nos jornais: os cientistas descobriram e isolaram "a partícula de Deus”. Os físicos da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), centro internacional de física na Suíça, anunciaram a descoberta do bóson de Higgs, partícula subatômica que eles procuravam há décadas e agora parecem ter encontrado. O apelido de "partícula de Deus” vem duma coincidência e de uma estratégia comercial. Com todas as dificuldades e mistérios que a cercam, um dos cientistas que escreveu sobre ela, a chamou, em inglês, "a maldita partícula de Deus”. Simplesmente por ela dar massa a todas as outras. Por isso, o nome pegou. Desde antigamente, homens e mulheres se consagram à investigação dos mistérios da natureza e vivem isso como uma busca espiritual. Muitos não pertencem, nem aderem a nenhum credo específico. Mas, pensam que ao descobrir os meandros da física e compreender melhor o funcionamento do universo, penetram ao menos um pouco no próprio pensamento divino, ou seja, no modo como Deus concebeu sua criação. Atualmente, na busca pelos segredos da natureza, muitos cientistas desenvolvem uma dimensão espiritual. O próprio Einstein chamou isso de "mistério cósmico profundo”. No mundo inteiro, fazem sucesso os livros de Fritjop Capra, físico que liga ciência e espiritualidade holística. Para quem crê em Deus, quanto mais a ciência avança e se aprofunda nas descobertas do mistério da vida humana e do universo, mais nos abrimos ao mistério que nos envolve e nos revela a nossa vocação de amor e de cuidado. Nos anos 80, o filme "Contatos imediatos do 3º grau” tinha em seu cartaz a afirmação: "Não estamos sós!”.
O físico e cientista brasileiro Marcelo Gleiser afirma não o contrário, mas algo diverso: "Mesmo se a vida complexa existir no cosmos – e não podemos afirmar que não exista– está tão distante daqui que, na prática, estamos sós e temos a habilidade de pensar. Se acreditamos que Deus é amor, não podemos aceitar que ele tenha ciúme da humanidade e veja o progresso da ciência como concorrência com sua função de criador. Isso seria ridículo. A inteligência humana que provoca o desenvolvimento da ciência vem do Espírito Divino. Diante da afirmação da ciência de que o universo é infinito e em evolução cada vez mais rápida, só podemos dizer como o salmo 19: "Os céus narram a glória de Deus e o universo inteiro testemunha a obra de suas mãos”. Também o salmo 8 celebra a maravilha do universo e pergunta "Diante disso tudo, o que é o ser humano, para que o trates com tanto carinho?”. E conclui com uma afirmação que deve ser nossa atitude para com a ciência e todos os mistérios do cosmos: cada pessoa tem a missão de ser como quem zela com amor e carinho por toda a criação divina.(re-elaboração de um artigo de Marcelo Barros em Adital)
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