Imaginemos por um instante de estarmos na mesma situação de milhares de famílias vítimas do furacão nas Filipinas. De passarmos por momentos de angústia, de medo, de impotência. De perdermos pais e alguns filhos, amigos, conhecidos. De assistirmos à destruição da nossa única e suada casinha, e não termos nenhuma informação se algum virá em nosso socorro. Como não imaginar que as catástrofes poderão nos atingir diretamente outras vezes, e ser um prelúdio de algo maior e mais terrificante? Como não imaginar nesses momentos de pavor, de fragilidade e de insegurança que o ‘fim estaria próximo’? Se de um lado nós humanos condicionados pelo medo ou pelo desconhecimento da realidade em que vivemos corremos o perigo de ver em certos sinais da natureza ou nos comportamentos humanos premonições assustadoras de destruição e morte, do outro lado possuímos também a capacidade de renascer, de re-construir, de alimentar sonhos, esperanças e expectativas de mudança profundas justamente nas crises mais avassaladoras. Afinal, a esperança se fortalece não quando tudo corre conforme as nossas expectativas, mas quando fazemos a experiência do desespero, do abandono, da morte. Quando tudo parece negar um futuro de paz e vida. Jesus no evangelho desse domingo procura interpretar os sentimentos, e dar orientações àquelas pessoas e povos que se encontram nas mesmas circunstâncias.
Essencialmente Ele nos diz que: 1. Nem tudo o que achamos estável, permanente, firme, o será para sempre. De pouco ajudaria a mentalidade segundo a qual a nossa situação pessoal ou de grupo, boa ou ruim que seja, o será para sempre. Vivemos na ‘impermanência’, na ‘instabilidade permanente’. Tudo pode ser mudado e transformado! 2. Haverá acontecimentos de grande envergadura, vaticinadores loquazes e grandes sinais contraditórios que poderão apontar para diferentes rumos, mas certamente não será o fim de tudo e de todos. Talvez seja o fim de uma era, de um ciclo, de uma mentalidade que criou dependência e sofrimentos. É preciso não se apavorar e nem ficar paralisados diante de tudo isso. Pode significar um novo início, bem diferente. Daí a necessidade de enxergar em muitas crises globais o momento propício para construir um novo jeito de sermos humanos! 3. O fim de uma velha era será acompanhado por perseguições e provações, calúnias e difamações, conflitos e disputas. Os que acreditam que uma nova era é possível, e que apostam muito mais na força do bem do que na arrogância e na truculência, necessariamente serão levados aos tribunais dos que continuam apostando na dominação do velho reino/regime, o mesmo que tem produzido morte e sofrimento até hoje. Aqueles discípulos quando fizerem a experiência de se sentirem sozinhos ou achar que só eles estão acreditando na possibilidade de construir o novo reino se sentirão confirmados interiormente pelo Espírito Daquele que pode criar com eles uma nova humanidade.
‘É permanecendo firmes e coerentes, se recusando a entrar na onda da ‘velha era’ produtora de morte, que poderemos construir e experimentar a nova vida!’ (v.19)
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