O Maranhão é o principal fornecedor de mão de obra escravizada no Brasil. É o mesmo que faz acontecer, com seu sangue e suor, o milagre do etanol e o novo boom da construção civil no Sudeste. Como os maranhense são vistos como mulas ignorantes e ervas daninhas que se multiplicam em ritmo geométrico, podem ser usados como mão de obra barata e descartável. Dos dez operários que morreram na obra daquele prédio que desabou, em São Mateus, na periferia de São Paulo, em agosto do ano passado, nove eram maranhenses. E isso não é coincidência. Os mesmos maranhenses, expulsos por um clã e seus clientes, que costumavam ser engolidos em plantações por aqui, agora estão sendo soterrados em construções. É sempre bom lembrar isso, especialmente em um momento em que pipocam pela internet comentários preconceituosos quanto à situação surreal no presídio de Pedrinhas ser inerente ao povo que habita aquelas terras. Como se, por aqui, não tivéssemos decapitações e até os 111 do Carandiru. O Maranhão - que apresenta a menor expectativa de vida na média de homens e mulheres, a segunda pior taxa de mortalidade infantil, o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano e as três piores cidades em renda per capita do país - continua entregando seus filhos para darem sua vida pelo país. Literalmente. Mudar a estrutura de lá significa não apenas alterações no sistema prisional e na política de segurança, mas a substituição de grupos no poder e a reforma profunda de instituições e estruturas de exploração do trabalhador. O que pode diminuir a mão de obra barata que corta cana e faz prédio por aqui. Colocado dessa forma, desconfio que nem todo mundo torça para que esse dia chegue. (Fonte: Leonardo Sakamoto - artigo re-elaborado)
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