A história conta que, até 1756, toda a região compreendida pelos atuais estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pertencia à Espanha. Ali os jesuítas acolhiam os índios Guarani para impedir que fossem caçados e escravizados pelos brancos. Os jesuítas batizavam os índios para torná-los cidadãos do império e assim protegê-los da escravidão. Ali viviam mais de um milhão de Guarani. A língua do território era indígena e o poder era exercido comunitariamente. Como a experiência comunitária dos Sete Povos da Missão era uma ameaça para a ambição dos impérios europeus, os reis de Portugal e Espanha se aliaram e assinaram o Tratado de Madri (1750). Através desse acordo, o rei de Portugal deu de presente à Espanha a Colônia do Sacramento, atual Uruguai e recebeu do rei espanhol o território dos Sete Povos da Missão. No entanto, o tratado exigia que os jesuítas fossem expulsos da região e as aldeias da missão destruídas. Os índios se negaram a abandonar suas terras, suas lavouras e um gado estimado em dois milhões de cabeça. As aldeias construídas como verdadeiras cidades, com Igreja, praça, padaria, salão de música e escola eram mais adiantadas do que muitas cidades europeias da época. O cacique Sepé Tiaraju comandou a resistência dos índios contra os dois exércitos imperiais reunidos. Ele dizia: "Esta terra, nós a recebemos de Deus e não podemos deixá-la”. Sepé tombou em combate no dia 07 de fevereiro de 1756 em Batovi, hoje São Gabriel (RS). Três dias depois, em Caiboaté, os exércitos de Portugal e Espanha trucidaram os últimos índios e obrigaram crianças e mulheres sobreviventes a atravessar o rio Uruguai e se dispersar pelas florestas e campos sem fim.
Ainda hoje, a maioria dos povos indígenas no Brasil não tem garantida a demarcação de suas terras e o respeito à autonomia de suas culturas. No Brasil de hoje, o agronegócio da soja e os grandes projetos de hidroelétricas e estradas que invadem os territórios indígenas, além dos grandes prejuízos que causam à natureza, expulsam comunidades indígenas e ameaçam a própria existência dos povos indígenas, tanto na Amazônia, como no Pará, Mato Grosso do Sul e em todo o Brasil. Nesse contexto, retomar nesses dias a memória de São Sepé Tiaraju é uma forma de recordar a tantos índios e índias que ainda hoje arriscam a vida para que os povos autóctones deste continente possam viver livres e em sua terra. (Fonte: Marcelo Barros)
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