Sempre me tem chamado a atenção no Advento aquele refrão teológico e litúrgico de que ‘é um período de espera’. A espera do salvador. O período que nos prepara para a vinda do ‘Emanuel’, etc. O que isso de fato significa se o ‘salvador já veio’ e nunca foi embora? Esperar quem ou o que se o ‘esperado’ já chegou a deixou claro o seu legado aos seus seguidores? Seria, então, uma mera memória, um reviver acontecimentos que já ocorreram na história ou, seria, uma tomada de consciência do que vem significando, hoje, ‘essa vinda’ que já se consumou? Advento é repetir ao infinito o refrão ‘vem Senhor’ ou compreender onde ele ‘já está’ e mais, compreender aonde ainda ‘não veio’ e nós precisamos torná-lo presente? São duas posturas que definem também dois modos de proceder no cotidiano. Na primeira compreensão a iniciativa e a responsabilidade última cabem àquele que vai vir. Ele que vem e que salva. Já no segundo modo de compreender o ‘advento’ a iniciativa cabe, agora, a todos aqueles que ‘já’ conhecem a mensagem e a prática daquele que ‘já veio’ uma vez por todas. Nesse sentido a ênfase não se põe no ‘esperar’ como sinônimo de ‘aguardar alguém’, e sim, no ‘esperar’ que tem sua raiz na ‘esperança’. Dito de outra forma, e parafraseando a canção de Vandré, poderíamos dizer que ‘quem sabe faz a hora NÃO ESPERA ACONTECER’. Os cristãos deveriam ser aqueles que sabem que faz a hora. A hora de transformar pessoas e realidades, e sistematicamente tentam descobrir ‘o que e o como’ isso se dá. São aqueles que se motivam, e se alimentam da esperança de que tudo e todos podem ser recriados. Que não faz sentido permanecer ‘aguardando’ um salvador sem perceber que todos nós temos a tarefa de salvar um ao outro, contemplando, no entanto, a ação histórica ‘salvadora’ de Jesus de Nazaré. A esperança não pode esperar! Faça acontecer, agora!
Nenhum comentário:
Postar um comentário