Não é raro ouvir dizer: “O mundo está perdido!”, “Não há mais nada para fazer!”. É muito fácil desanimar diante das adversidades da vida. É próprio da cultura da violência e da morte espalhar medo e desespero para obrigar o ser humano se render e se dobrar à lógica da resignação.A pior violência que podem praticar contra o ser humano é roubar sua utopia e matar a sua esperança. Qual é o fundamento de nossa esperança? A resposta está num trecho do Livro do Apocalipse: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém... «Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor. Porque as primeiras coisas passaram.» A história tem como desfecho final o Reino de Deus. A visão da Nova Jerusalém, descrita no livro do Apocalipse, aponta uma certeza: a violência, a dor e as injustiças não têm a última palavra. Esta pertence a Deus. Seu projeto de vida prevalecerá sobre a lógica da morte.
A esperança não é um ato de covardia, uma declaração de rendição ou um atestado de incompetência humana. A esperança é a mais exigente e revolucionária experiência do coração humano. É a coragem de se envolver, de mergulhar na realidade, de dar a volta por cima e de recomeçar tudo de novo. É a força subversiva dos pequeninos e dos pobres de espírito, os “anawins” como Maria de Nazaré, que mesmo não contando com o poder econômico, o poder de fogo e a força bruta, são capazes de derrubar os poderosos dos tronos e enaltecer os humildes, de mandar os ricos para casa de mãos vazias.A esperança é a crença na possibilidade da mudança e uma convocação à transformação, pois aponta que o novo é possível, só que deve acontecer desde já a partir de cada um. A esperança é a virtude dos ousados, “daqueles que permanecem em pé”, que não perdem a postura, que não se vendem, que não se satisfazem com qualquer coisa, não entregam os pontos, não desistem, não se contentam com a mediocridade, não buscam o mínimo indispensável, mas ousam, têm coragem suficiente para embarcar e navegar para águas mais profundas, na busca daquilo que vale a pena de verdade: “Para mim o viver é Cristo” (Fl 1,21). A esperança custa caro, mas vale a pena. É com ela, como companheira inseparável, que queremos encarar o novo ano.
Feliz 2014. (Fonte: Carta de padre Saverio Paolillo - Comboniano)
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