Os delegados chegaram à sua porta às seis horas da manhã. Lula conta que foram bem educados, mas que, desde o início, se sentiu como prisioneiro, cerceado em sua liberdade. Lula se disse intimamente magoado e completou achava "que merecia um pouco mais de respeito nesse país”. Essas declarações foram feitas na coletiva realizada esta tarde no diretório nacional do PT, em São Paulo. O ex-presidente foi levado de São Bernardo do Campo, onde vive, até a Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas, capital paulista. La fizeram perguntas sobre suas palestras, as medidas provisórias, e os tais dos 11 containers que trouxe consigo desde que deixou a presidência. Depois do barco de alumínio, do triplex no Guarujá e do sítio de Atibaia, os containers viraram pauta nos noticiários sobre a Lava Jato. Lula explicou que saiu da presidência com um acervo imenso, que coube em 11 containers. “Porque se somar todos os presidentes da história deste país, desde Floriano Peixoto, eu fui o que mais ganhou presentes, tenho até trono da África. São [presentes] do presidente, mas de domínio público. Tenho que tomar conta, mas ninguém me paga. O Ministério Público está preocupado, então acho que tem que cuidar do acervo”, ironizou.
Quanto às suspeitas de corrupção, Lula disse que se a Polícia Federal ou qualquer outro órgão encontrar um real em sua conta por uma conduta errática ele não merecerá ser do Partido dos Trabalhadores.Ele reforçou, ainda, que não teme as investigações e sua resposta à sociedade foi que a partir da próxima semana estará disposto a viajar para todo o país ao lado de movimentos populares, citando CUT, PT, sem terras e PCdB. Lula afirmou que o país está sendo vítima de um espetáculo midiático, especialmente quando os grandes meios de comunicação apontam a compra de um barco de quatro mil reais ou a compra de dois pedalinhos como fruto de corrupção e sugeriu que a Globo deveria fazer uma matéria sobre o Triplex de Paraty, lembrando que desde 2004 é incomodado pela mídia por frequentar a casa do amigo Roberto Teixeira, em Serra Negra, interior de São Paulo. Emocionado, Lula disse que frequenta casas de amigos e não de inimigos porque nunca lhe ofereceram casas em “Nova York ou Paris”. “Estou indignado com o julgamento, indignado. Hoje quem condena são as manchetes que amedrontam a Polícia Federal, os políticos, a sociedade. Só tem um jeito, que é a gente levantar a cabeça e não ter medo de fazer eles serem tratados como a gente é tratado”.
Indo para o final da coletiva Lula disse que o depoimento forçado desta manhã só serviu para acender a vontade de lutar, criticou o complexo de vira-lata da elite brasileira e destacou que ele, assim como milhões de brasileiros, é fruto de uma sucessão de milagres. “Eu escapei de morrer de fome, antes dos cinco anos de idade. Naquele terra que eu nasci uma criança escapar de morrer é um milagre, esse milagre aconteceu comigo. Aconteceu o segundo milagre em minha vida: eu tive um diploma de torneiro mecânico. Aconteceu o terceiro milagre comigo: adquiri consciência política e criei um partido, ajudei a fundar uma central de trabalhadores. Aconteceu o quarto milagre comigo: eu e meus companheiros, muitos dos quais de vocês, me levaram à presidência da república. Aconteceu o quinto milagre comigo: eu fui melhor do que todos eles que governaram o país. Fui melhor que todo o cientista político, que todo o fazendeiro, que todos advogados, que já governaram esse país”.
Comentário do blogueiro - Em que pesem as diferenças político-ideológicas um cidadão de média formação não pode aceitar o que aconteceu com Lula e com tantos outros anônimos nesse país hoje pela manhã. Afirmar que ninguém está acima das leis não significa que um juiz possa ele mesmo se colocar acima delas, como vêm fazendo os procuradores e Moro. Tenham paciência!
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