quarta-feira, 9 de março de 2016

Lula o “mascate” que virou de ponta cabeça a geopolítica brasileira

...O Presidente levava em sua comitiva, muitas vezes, dezenas de empresários industriais e de construção, escolhidos entre os que tinham efetiva possibilidade de desenvolver negócios e  vender e comprar produtos e serviços. Nunca soube de qualquer concessão de privilégios individuais. As oportunidades eram para todos, obviamente beneficiando mais os que tinham condições de aventurar-se na economia externa. O Presidente se dizia um mascate em favor da economia brasileira. Fez o que nenhum outro presidente, antes dele, jamais esboçou fazer. A tradição dos nossos presidentes era o circuito Washington, Londres, Paris. Lula intuiu que não é aí que está o interesse nacional. Desses países temos tudo o que comprar, pouco para vender. Nossos mercados naturais estavam e estão na África e na América do Sul. Aliás, a respeito dessa última, as próprias contas externas estão aí para testemunhar esse acerto estratégico....Lembro-me, a propósito, da primeira concorrência que a Odebrecht perdeu no Chile. Eu assistia, como repórter, a um seminário no Hotel Glória e vi o velho Norberto num canto da sala. Ele era avesso a jornalistas. Assim mesmo, me aproximei e lhe perguntei sobre a perda da concorrência para construção da hidrelétrica chilena. “Claro, disse ele, o Reagan ligou para Pinochet e me derrubou”. Décadas mais tarde, soube o que Reagan, eleito mas ainda antes da posse, havia oferecido para que fosse vencida a concorrência por uma empresa norte-americana da preferência pessoal dele: simplesmente, relaxar a pressão em defesa de direitos humanos que o Presidente Carter vinha exercendo contra Pinochet. Enquanto coisas como essa fazem parte do repertório das relações das empresas norte-americanas com os países vassalos, nós temos que suportar o ataque de promotores brasileiros da Lava-jato a nossas próprias empresas no exterior por suposta corrupção de autoridades e empresas locais. Na verdade, o “mascate”Lula virou de ponta cabeça as relações geopolíticas brasileiras no rumo dos interesses nacionais. Seu indiscutível carisma junto às massas internas projetou-se no mundo. Quando chegava a um país como Nigéria, os presidentes dos países vizinhos deslocavam-se para falar com ele e estabelecer relações políticas e econômicas. Isso, rigorosamente, jamais aconteceu na história deste país. E é este homem que se tornou alvo de um juiz e um bando de promotores federais cuja folha corrida em suposto serviço ao Brasil consiste em destruir empresas e a estrutura jurídica secular do habeas corpus, da presunção de inocência, do devido processo legal, criando a jurisprudência da presunção da culpa.

J. Carlos de Assis - Economista, doutor pela Coppe/UFRJ

Comentário do blogueiro - Há leitores que se incomodam por eu publicar postagens quase sempre favoráveis ao ex-presidente Lula. Não precisa se incomodar. Tenho suficiente bom senso e espírito crítico para saber que ele como todos nós, inclusive o caro leitor, somos humanos, sujeitos a vícios e incoerências. Lula, também, não escapa dessa. Não cabe, contudo, nesse espaço que a liberdade me presenteia, reproduzir e clonar a lama que a grande imprensa idiota já vem fazendo. Já basta ela a detonar o Lula esquecendo os 8 anos de administração aprovada por 83% dos brasileiros. Restrinjo-me tão somente a levantar alguns aspectos importantes da sua atuação como presidente. Cabe ao leitor ignorar e desprezar ou valorizar. 



Nenhum comentário: