Aldeia Zutiwa, município de Arame, 26 de julho. Eles começaram a sujar e a poluir aldeias e paisagens. Cartazes coloridos de caras mais ou menos notórias agridem a visão educada a contemplar somente o belo....São os candidatos a prefeito do município de Arame. Os números 14 e 15. Algo deplorável que ostenta a falta de bom senso e respeito. Candidatos que nunca mostraram no dia a dia um verdadeiro interesse com a situação dos indígenas que habitam a terra Indígena Araribóia. Agora, em plena campanha político-eleitoral fazem promessas que beiram a imbecilidade. As mesmas promessas ditas e repetidas a cada quatro anos, que nem mesmo eles se lembram de tê-las anunciadas no passado. Ou de tê-las desmentidas pouco tempo depois de eleitos justificando que não podiam realizar o que prometeram pelo fato de os indígenas estarem numa área federal e, portanto, não sob sua direta jurisdição e competência. Mesmo assim, convidam os indígenas para churrascos, fazem favores de todo tipo, concedem fretes, financiam isto e aquilo para ‘comprar’ o voto dos indígenas. Estes, mesmo enojados com essas práticas, sabem que é o momento de ‘arrancar’ algo. Ou agora ou só daqui a mais quatro anos!
A postura desses candidatos desafina de forma escandalosa com as inúmeras invasões e saques ao patrimônio ambiental da terra indígena. Eles conhecem quem e como está praticando ilegalidades na terra dos Guajajara e dos Awá nômades que perambulam por lá. Disso eles não falam. Nem falam das numerosas mulheres indígenas que morrem após parto no hospital municipal de Arame que deveria ser fechado pela absoluta falta de condições, estruturas e pessoal qualificado. Esse silêncio omisso desses candidatos cheira muito a cumplicidade. Talvez eles saibam que a economia desses municípios está alicerçada numa ‘economia pirata’. Clandestina, ilegal e agressiva, onde a maconha, o roubo de madeira nobre, as diárias de hospital e as cirurgias fantasmas movimentam milhões. Uma receita que, afinal, nenhum candidato quer desprezar....
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